quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Estimulação Precoce em Deficientes Mentais

Todo ser humano precisa sentir experiências, interagindo com o seu meio através de sentidos, sons, cheiros, toques entre outros estímulos necessários para desenvolver-se. A estimulação é o conjunto destes estímulos que excita, incita e instiga o indivíduo a desenvolver-se fisicamente, intelectualmente, socialmente e emocionalmente.

A estimulação precoce é a base fundamental para o desenvolvimento da criança, principalmente para crianças portadoras de necessidades educativas especiais, pois a estimulação precoce é o conjunto de processos preventivos e/ou terapêuticos que auxiliam o desenvolvimento das capacidades, visando a alteração do desenvolvimento nos primeiros anos de vida. Ela é uma condição imprescindível, não porque evita problemas futuros, mas tende a eliminar condições que agravam o desenvolvimento. A estimulação precoce está correlacionada a uma série de exercícios destinados a estimular a capacidade do bebê conforme o quadro que se apresente. Poderá evitar problemas futuros, que costumam ser tardiamente detectados.

Se a criança não recebe estes estímulos nos seus primeiros meses de vida, pode haver atrasos na fala, locomoção e na capacidade cognitiva, diminuindo o ritmo natural do processo evolutivo infantil, aumentando também o distanciamento dos padrões do desenvolvimento psicomotor, socioafetivo, cognitiva e da linguagem. Por este motivo a estimulação precoce é também utilizada como uma forma preventiva que pode evitar déficits nestas áreas.

Os programas de estimulação precoce podem prevenir ou atenuar os possíveis atrasos ou defasagens no processo evolutivo da criança. Mais de 50% de crianças portadoras de necessidades especiais poderiam atingir o desenvolvimento normal, desde que se adotassem, efetivamente, medidas de prevenção. Entre as medidas que se destacam, estão aquelas referentes à estimulação precoce. Quanto maior o tempo sem a devida estimulação a que uma criança estiver sujeita, tanto maior é a tendência a desenvolver deficiências e a probabilidade de intensificá-las, dando origem a danos duradouros no processo evolutivo (decorrentes de fatores orgânicos ou ambientais) tanto de ordem física como psicológica.

Os benefícios previstos com o desenvolvimento de programas de estimulação precoce abrangem, não somente a população de crianças com necessidades especiais, para as quais sua aplicação é imprescindível, mas também a todo contingente demográfico infantil considerado vulnerável à aquisição de deficiências, embora tudo indique que a abrangência dessas ações possa favorecer também a toda a população infantil.

Quanto mais cedo a criança portadora de necessidades educativas especiais for estimulada, menos riscos de atraso terá nas etapas de seu desenvolvimento, pois a ausência de estímulos ambientais, e a falta da estimulação dos sentidos remanescentes, privará esta criança de seu desenvolvimento intelectual, físico e emocional.

Stedman, concluiu em suas pesquisas sobre programas de intervenção para crianças com problemas de desenvolvimento, que:

A maneira pela qual uma criança é criada e o ambiente em que nasce tem uma influencia importante sobre o que ela se tornará. O método da família no estabelecimento de papéis sociais deixa poucas dúvidas quanto ao impacto significativo que o ambiente familiar exercer sobre o desenvolvimento da criança antes dos dois anos. Quando se tem acesso à criança nos primeiros anos, principalmente durante o período em que começa a falar (um ou dois anos de idade), os programas de intervenção são mais eficazes do que os iniciados quando a criança é mais velha. Há dados que mostram que os efeitos dos programas de intervenção precoce para as crianças são reforçados pelo envolvimento dos pais. (STEDMAN apud KIRK e GALLAGHER, 2001, p. 25)

A família deve ser criteriosamente orientada nos programas, com a finalidade de compreender as dificuldades, as limitações, as diferenças pessoais de ritmo e de potencial da criança a ser estimulada/intervenção precoce. Quando a estimulação precoce for realizada no ambiente familiar, as condições devem ser analisadas para a aplicação de um programa adequado à necessidade da deficiência da criança.


Ambiente Familiar

Segundo Ayala Monolson, existem basicamente seis “tipos” de pais: os superprotetores, os sobrecarregados, os cansados, os liberais, os professores e os ideais. (MONOLSON apud RODRIGUES e MIRANDA, 2001, p. 11)
Pais superprotetores: normalmente são pais que habitualmente começam agir sobre a comunicação da criança, onde não se percebe que, se ao fazer os questionamentos automaticamente lhes fornece as respostas, faz com que a criança perca a mínima iniciativa que poderia ter para agir e se comunicar.
Pais sobrecarregados: não tem tempo para os filhos, transferindo a função de educá-lo para outros, normalmente os avós ou uma babá, esquecendo de cumprir seus compromissos, os quais deixam de lado a prioridade maior que é seu filho. Não avaliando os cuidados oferecidos ao seu filho na sua ausência, onde só percebe se a criança esta alimentada, trocada ou de banho tomado, não garantindo uma estimulação adequada à seus aspectos cognitivos, motores e interacionais. Não importa o tempo que as crianças passam com os pais, desde que vividos intensamente, pois qualidade é muito mais importante do que a quantidade.
Pais cansados: este pai possui as mesmas características do pai sobrecarregado, mas se difere no tempo, no qual a disposição não é adequada às necessidades e responsabilidades da educação de um filho especial. Deixa de lado o filho para obter um conforto pessoal, com isso a criança é privada de vivenciar momentos e situações para favorecer o seu desenvolvimento.
Pais liberais: não são capazes de impor limites a seus filhos. Para eles seus filhos já têm inúmeras privações por serem deficientes, e não serão eles que irão proporcionar mais uma privação.
Pais professores: lembra-se o tempo todo em dar limites, impõe que durante uma brincadeira a criança siga todas as regras obedecendo de maneira correta, a ele não importa se a criança está interessada em realizar as atividades por ele estabelecidas, lhe transmitindo muitas informações durante a atividade, mais do que a criança é capaz de assimilar.
Pais ideais: aquele que está presente interagindo, participando, dando importância ao tempo que está com seu filho, respeita as manifestações na qual a criança manifesta interesse, pelas brincadeiras e/ou atividades propostas. Assim, este tipo de pai com certeza perceberá cada evolução de seu filho no desenvolvimento de suas capacidades e habilidades.
O importante em qualquer caso é a disposição dos pais em manifestar interesse em aprender prevenir as deficiências, pois somente com a prevenção e a conscientização que o número de casos de deficiências, poderá ser reduzido. O trabalho do médico é o da prevenção e o acompanhamento vai até o momento que começa o trabalho dos centros de educação especial.