segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Percepção corporal

O corpo é formado por varias partes com muitas especificidades que a criança se surpreende todos os dias com as descobertas, o corpo desenvolve um ou varias características que são particulares. O reconhecimento e percepção de questões estruturais do corpo fazem parte do trabalho do professor, pois ele deve desenvolver atividades onde a criança possa se reconhecer descobrir seus próprios sabores, suas próprias condições seus limites e suas ações corporais. Atividades lúdicas que auxiliam no desenvolvimento da percepção corporal da criança com deficiência mental, são: areia, argila, bonecas, bonecos diversificados, bambolê, peteca, dobraduras, fantasias, fantoches, modulação em gesso, ioiô, estatua, pular cordas, andar sobre cordas, danças folclóricas, danças livres entre outras.

Percepção temporal

Em primeiro momento a noção de tempo para a criança, só acontece de duas formas: o agora e o muito depois. Aos poucos a criança percebe que o tempo antes, durante e depois são coisas interligadas e que quase todas as nossas ações, são dependentes dele. O tempo é uma das mais difíceis habilidades para se trabalhar na escola de educação infantil, pela dificuldade de se distinguir, por parte da criança o tempo real do tempo ficcional. As atividades que auxiliam no desenvolvimento da criança deficiente mental são: coloque uma garrafa PET com água e espete a garrafa com uma agulha de injeção, observe que isso irá se transformar em uma conta gotas. Comece contar com as crianças quantas gotas caem em espaço de tempo. Nesta atividade pode-se utilizar um despertador, um calendário para poder marcar a contagem do tempo. Não esqueça de sempre resgatar o que aconteceu ontem. Conte e reconte historias e depois faça perguntas sobre a mesma, utilize desenhos de cada parte da historia na cartolina e peça para a criança recontar a historia utilizando o desenho como referencia, gradativamente vá dificultando as formas em que a criança possa recontar a historia.

Percepção espacial

A falta de uma boa dominância espacial leva a criança a ter problemas de localização da escola, da cidade onde vive, e em um passeio qualquer. Reflete em problemas de localização de desenhos, em mapas, e ate em trocas de letras de lado. As atividades a serem trabalhadas para o desenvolvimento da percepção espacial são todas as atividades descritas para o trabalho de lateralidade, onde podem ser aplicadas com o objetivo de estimular a criança para as percepções de espaço, caça-palavras, e utilizar brincadeiras como, por exemplo: corrida do ovo na colher, brincar de casinha, pneu, peteca, cordas, materiais para encaixe, dobraduras, modulação em gesso, desenho em lousa, construções e marcenaria (madeiras, pregos e martelinhos), quebra-cabeça e argolas.

Lateralidade

A lateralidade é a capacidade da criança em poder olhar e agir para todas as direções com equilíbrio, com coordenação mínima e noção de espaço, na qual a criança vai descobrindo aos poucos os sentidos laterais. Permite executar dois ou mais movimentos simultaneamente em lados opostos, devendo ser trabalhada com muita calma para respeitar o tempo da criança.
Para Le Boulch, a lateralidade é entendida como função da dominância, sendo uma capacidade funcional o suporte da intencionalidade, que será desenvolvida durante a investigação da criança que se confronta com seu meio. É a ação educativa fundamental, que permite a criança organizar suas atividades motoras globais, desta maneira coloca-se a criança em condições de construir uma lateralidade homogênea e coerente. (LÊ BOULCH apud ALMEIDA, 2007, p. 61).
Para auxiliar o desenvolvimento da lateralidade as atividades, devem respeitar a idade de cada criança, podendo ser as seguintes: dar comandos de esquerda e direita para elas seguir dentro da sala de aula, fazer desenhos em papel grande no comando do professor, desenhar no centro do papel uma piscina localizando sua esquerda e direita, utilizar placas de transito em sala de aula, passear pelo bairro da escola localizando direita e esquerda, utilize uma porção de chaves em um molho e peça que a criança abra fechadura usando a mão direita, depois a esquerda, utilize recortes de papel para colagem utilizando mão direita depois esquerda, reprodução de desenhos com a mão direita e depois esquerda, e trabalhos diversificados com bola, quando houver erros reconstrua com as crianças os acontecidos sempre motivando.

Coordenação motora fina

Segundo Lê Boulch (1982, apud teoria e prática em psicomotricidade p. 50) a coordenação motora fina é a organização das reações associadas entre olhos e mão dominante, ela se inicia no primeiro ano e se completa no final da escolaridade primaria.
O trabalho com papel para auxiliar o desenvolvimento da coordenação motora fina dar-se-á da seguinte forma: recortes de revista com o dedo dependendo da idade das crinaças (tiras de papel, quadrados, bolas, triângulos, retângulos, utiliza-los também para colagens), colagens de grãos (em fileiras desenhadas no papel, podem ser pegos com uma pinça, podem ser selecionadas em ordem crescente ou decrescente em relação ao tamanho). Com as tintas podem ser desenvolvidas as seguintes atividades: pintura com os dedos com formas geométricas, pinturas em vidros com pinceis, pinturas de murais da escola, aproveitando muros corredores e sala de aulas, pintura de tecidos.
No trabalho com sucatas podem ser utilizadas figuras geométricas, adequando as atividades ao nível de cada crinça, utilizando barbantes para colagem de papel, construção de maquete: prédio, casas, lojas, carros, usando caixas de remédios vazia construção de brinquedos utilizando potes de iogurtes, caixas, tampas, colas e barbantes.
Brincadeiras infantis, que auxiliam o desenvolvimento da coordenação motora fina podem ser desenvolvidas a partir do nível de cada criança: bola de gude, teclado do computador, mouse do computador, boliches.
Com bolas pode-se utilizar pinça para manusear a bola de gude sem deixa - lá cair, confeccionar bolinhas de papel crepom ou de argilas e massa de modelar, colocar varias bolas de diferentes tamanhos dentro de uma bacia com água para a criança manipular, proponha também outra atividades com outras formas geométricas.

Coordenação Motora Global

A coordenação motora global é a condição que deve ser desenvolvida no espaço infantil. A coordenação corporal deve ser desenvolvida a partir do trabalho de coordenação motora geral: danças, expressão corporal, exercícios combinados e dissociados aos movimentos de membros superiores (braços, ombros, pescoço e cabeça) e inferiores (pernas, pés, quadris etc.). A coordenação motora global só será satisfatória se a criança conseguir acompanhar a dança, a atividade física com movimentos associados e dissociados dos membros superiores e inferiores, e o equilíbrio.
Atividades com papéis, tintas, sucatas, brincadeiras infantis, bolas, entre outros materiais auxiliam no desenvolvimento da coordenação motora global da criança com necessidades educativas especiais.
Na utilização do papel as atividades a serem aplicadas dependem dos limites individuais de cada criança. Por exemplo: dobrar pedaços grandes de papel, fazer dobraduras gigantes, montar quebra-cabeça gigante no chão, fazer imagem do corpo humano em tamanho natural, recortar e montar no chão, montar prédios com desenhos grandes no chão, fazer roupas de papel e usa-las para dança ou expressão corporal, entre outras atividades que podem ser abordadas pelos educadores para auxiliar o desenvolvimento da coordenação motora global. Devemos lembrar sempre que cada atividade devera ser especifica atendendo o grau de dificuldade da criança com necessidades educativas especiais.
Com as tintas as atividades são diversas e devem atender as necessidades de cada criança respeitando sempre que possível a dificuldade de cada uma delas. Dentre os exercícios possíveis citamos: fazer pinturas no corpo com o pincel, fazer pinturas no corpo com os dedos, fazer pinturas no corpo com canetas.
Outras atividades lúdicas que podem ser aplicadas à crianças portadores de necessidades especiais: brincar com fitas coloridas, girar as fitas coloridas ao redor da cabeça, pular em cima de fitas, dobrar as fitas e solta-las no ar, correr com as fitas sem deixá-las tocar ao chão, a utilização de bolas que podem ser utilizadas para serem arremessadas em cestos ou para dançar, bexigas (bolas de ar) que podem ser jogadas para o alto não as deixando toca-las tocar ao chão; brincar com caixas de papelão grande pequenas e médias; utilizar bambolês para as crianças passarem por dentro; utilizar garrafas PET em fileira para as crianças correrem entre elas sem toca-las. O professor deve preocupar-se com aspectos motores da criança: se a criança tem massa muscular para desenvolver atividades; se o peso da superfície onde ela vai saltar é suficiente para suportar o peso da criança; se não há obstáculos maiores que a capacidade e o desenvolvimento da criança que ela possa superar ou suportar. Outro aspecto a ser considerado é o psicológico da criança, pois o professor deve respeitar a opção feita pela criança, quando a mesma possui algum trauma, medo ou insegurança.
Com brincadeiras infantis podem ser desenvolvidas também, de acordo com o desenvolvimento da criança: futebol, estátua, esconde-esconde de objetos, cirandas cantigas de rodas entre outras. As brincadeiras com bolas devem ser proporcionadas ao nível do desenvolvimento de cada criança: passar a bola por cima da cabeça, por baixo das pernas, jogar bola dentro de balde, sentar em cima da bola deslizando com ela, massagear o corpo com movimentos circulares da bola, saltar com a bola em cima da cabeça e andar com a bola em cima da cabeça.
Partindo das atividades relacionadas constata-se que para a aplicação das mesmas, será necessária uma repetição na realização das atividades, para que a criança com deficiência mental obtenha um melhor discernimento das atividades citadas, e sempre considerar o nível de desenvolvimento de cada criança.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Brincadeiras para a estimulação

O brincar envolve a espontaneidade e a criatividade com aceitação das regras. É brincando que a criança se humaniza, conciliando-se de forma afetiva, criando vínculos afetivos. Com a brincadeira a criança dá continuidade à características válidas para outras espécies vivas, prolongando, aperfeiçoando e especializando sua autonomia e sociabilidade,ajudando-a a atravessar sua infância e adolescência.
De acordo com Oliveira (2005):

O brincar do bebê tem uma importância fundamental da construção de sua inteligência e de seu equilíbrio emocional, contribuindo com sua afirmação pessoal e integração social. As estruturas mentais são orgânicas e só se desenvolvem se houver possibilidade de expressão e comunicação com o meio. (OLIVEIRA, 2005, p.16).

É a partir da brincadeira que o bebê manifesta-se de fora para dentro, de forma automática. Suas primeiras formas de se expressar permitem agir com o contato íntimo significativo com o outro, pois não há possibilidade de aprendizagem e humanização fora do convívio social.
Os jogos, são uma nova forma de desenvolvimento humano que permitem o desenvolvimento da coordenação motora, pois os jogos funcionam como exercício psicomotor, sendo neste processo as próprias crianças suas terapeutas,
Os principais métodos de amadurecimento das funções cerebrais são os jogos. Por exemplo: a bolinha de gude, ioiô, arco, gangorra, balanço, pipa, pião, pular corda, bola, amarelinha, andar sobre latas, perna d pau, esconde-esconde, jogo da velha, estilingue entre outros na variedade da cultura regional. Todos os tipos de jogos proporcionam prazer em cada fase do desenvolvimento da criança, pois contribuem significativamente para o sistema nervoso ( psicomotores e cognitivo).
Permitem uma manifestação livre, embora devam ser adequados à estimulação das necessidades que a criança apresenta. Portanto a escolha das atividades para auxiliar no processo evolutivo infantil, deve corresponder às necessidades e expressões do nível de desenvolvimento alcançado pela criança, e também do ambiente em que ela esteja inserida.
Os brinquedos são classificados seguindo cada fase da criança: do nascimento aos quatro meses, dos quatro aos oito meses, dos oito aos doze meses, de um ano a um ano e meio, de um ano e meio a dois anos de idade e assim consequentemente. Os brinquedos sugeridos aos primeiros anos de vida possuem características diferentes daqueles recomendados às fases evolutivas da criança, eles devem ser atrativos e estimuladores. Consideram-se os mais utilizados e mais conhecidos: móbile de fitas, chocalho colorido, móbile de animais, pulseirinhas ou tornozeleiras sonoras, capas de mamadeiras chocalhos transparentes, móbile de figuras e guizos, bóias coloridas, tapetes de figuras, caixinhas surpresas entre outras.
A partir dos dois anos de idade o educador deve adequar-se as atividades mais apropriadas à necessidade de cada aluno, partindo de um pressuposto de desenvolvimento das percepções da criança. Qualquer atividade, por menor que seja, auxilia diretamente no desenvolvimento global da criança.
O trabalho realizado a partir de movimentos com o mundo interno e externo possibilita ao indivíduo perceber, atuar, agir com o outro, com objetos e consigo mesmo. Emprega uma concepção de movimento integrado e organizado, resultado da ação de sua individualidade, de sua linguagem e de sua socialização.
Quando há um desenvolvimento cognitivo lento, provavelmente há um atraso no desenvolvimento motor, ou seja, os movimentos da criança são prejudicados, dificultando a realização de atividades, nas quais as crianças com desenvolvimento cognitivo, considerados normal, realizam com mais facilidade.
É impossível separar as funções motoras, as neuro-motoras e perceptivo-motoras, das funções puramente intelectuais e da afetividade. Um organismo bem estruturado é a base para a aprendizagem, consequentemente as deficiências orgânicas e não orgânicas podem condicionar ou dificultar o processo de desenvolvimento, onde não há dualidade entre psique e corpo.
Os jogos possibilitam às crianças com deficiência mental exercitarem suas funções psico-sociais, experimentar desafios, investigar e conhecer o mundo de maneira natural e espontânea. Diversos aspectos são estimulados de acordo com o ritmo e com as capacidades da criança deficiente mental, além de permitir o desenvolvimento de outras áreas, como por exemplo: a criatividade; a memorização; a cooperação e solidariedade; a concentração; a linguagem; a motivação; a aquisição de conceitos; a motricidade; a capacidade de discriminar, julgar, analisar; a competitividade; a socialização; a confiança em si e em suas possibilidades, o respeito às regras e o controle emocional.
Os brinquedos e os jogos podem e exercem um papel importante no desenvolvimento da criança, pois proporcionam habilidades psicomotoras, adquirindo valores, criatividade, afetividade, capacidade e potencialidade intelectual.
A infância, nas series iniciais é um período importante no desenvolvimento da criança deficiente, onde é a fase em que o mundo favorece a exploração e elaboração de conhecimentos.
São diversas as fases da criança, onde a mesma esta em constante transformação, com ritmos de desenvolvimento diferenciados umas das outras. Os jogos sempre tiveram um enfoque na elaboração de técnicas e métodos de ensino dos deficientes mentais, procurando responder as necessidades de educar estas crianças.
Algumas vezes, a criança deficiente mental não demonstra interesse por determinados brinquedos e atividades lúdicas, mas mesmo assim, percebe-se a necessidade de incentivá-la mostrando como os brinquedos funcionam, e estimulando sua participação em brincadeiras. As quais permitem uma relação entre abstrato e o real. Dessa forma, brincadeiras que imitam a vida real, oportunizam o desenvolvimento dos jogos simbólicos da criança deficiente mental.
Segundo Aufauvre (1987), Cunha (2000), Ide (1990), Mantoan (1992), entre outros, acreditam que o jogo é um recurso que favorece o desenvolvimento da criança deficiente mental.

Utilização de jogos como método de estimulação

Para descrever os jogos será usada a classificação de jogos por Piaget
- Jogos simbólicos: consistem atender o Eu por meio de transformar um simples cabo de vassoura em cavalo, espada etc.
- Jogos de regras: consistem em combinações senso-motoras ou intelectuais, com competições entre os indivíduos, fazendo com que as regras sejam necessárias. Este tipo de jogo deve ser organizado atendendo as necessidades de estagio da criança portadora de deficiência mental: do fácil para o difícil, do simples para o complexo.
O educador deve aproveitar situações do cotidiano como, por exemplo, um passeio pelo quarteirão da escola explorando simples momentos de andar em linha reta, de mãos dadas, sobre o meio fio da rua etc., desenvolvendo o equilíbrio e uma coordenação motora, experimentando o próprio corpo em diferentes posições (esquema corporal).
É necessário estimular a criança com deficiência mental a expressar-se, (fala, gestos, olhar, chora, riso etc.), pois socialização é necessária para interagir com outras pessoas, principalmente com as crianças.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Centros de Atendimento as Crianças portadoras de Necessidades Educativas Especiais

É o complemento da educação recebida em casa pelos pais, auxiliando assim no processo de desenvolvimento da criança. É necessário compreender a verdadeira função da escola como, por exemplo, estimular a comunicação da criança em casa, visto que o trabalho da fonoaudióloga só é válido se continuado em casa. A probabilidade dá criança responder a um estímulo em casa, é em determinados casos, maior do que responder a este estímulo na escola. É na escola também, e principalmente que os pais tiram as dúvidas e recebem as orientações sobre estímulos necessários em casa.
As escolas ditas Escolas Especiais, referem-se à escolas destinadas ao atendimento de crianças que apresentam necessidades educativas especiais, onde desenvolvem ao máximo potencialidades específicas de cada criança, que quando possível, atingem o desenvolvimento independente da criança, seja em áreas pedagógicas ou em atividades domésticas, profissionais, ocupacionais e em cuidados pessoais.
Uma das principais razões para o surgimento da educação especial segundo Kirk e Gallagher (2002), é a grande diversidade de capacidades e desempenho escolar dos alunos de uma faixa etária e nível escolar semelhantes. O ideal seria se os professores de séries iniciais conseguissem trabalhar com planejamentos individualizados, para satisfazer as necessidades de cada aluno. Por este motivo os programas de educação especial criam currículos que atendam as diferenças interindividuais de cada aluno.
Há escolas específicas para o atendimento de cada deficiência, onde se procura determinada especialização, a fim de oferecer um trabalho adequado às necessidades das crianças. Desta forma podemos citar os seguintes modelos:
- Escolas para Deficiência Visual: trabalham com crianças com perdas visuais, totais ou parciais. O objetivo desta escola é educar e reeducar utilizando outros sentidos e recursos importantes em sua vida.
- Escolas para Deficientes Auditivos: trabalham com crianças com perda total ou parcial e incapacidade da audição. O objetivo destra escola é fazer com que a criança aprenda a se comunicar e a falar mesmo sem escutar, através da linguagem gestual ou oral.
- Escolas para crianças com distúrbios psiquiátricos: trabalham com crianças com autismo infantil e a esquizofrenia infantil. O enfoque destas escolas é buscar a interação da criança com objetos, pessoas e consigo mesmo, visando uma vida social e saudável independente de cuidados de outros.
- Escolas para Deficiente Mentais “não graves”: trabalham com deficientes leves e moderados ou educáveis, atendendo assim crianças que não conseguem acompanhar uma classe normal, apresentando um ritmo mais lento, onde há necessidade de mais tempo para desenvolver suas potencialidades.
- Escola para Deficientes Mentais Graves: existe uma dificuldade dos pais em encontrar este tipo de escola que trabalhe com este tipo de criança, pois normalmente são atendidas em instituições em regime de internato ou semi-internato (final de semana em casa). Os objetivos destas instituições é trabalhar com cuidados básicos e terapia ocupacional, para um desenvolvimento significativo.
- Escola para Deficientes Motores (sem deficiência mental): são divididos em dois grupos: no primeiro apenas depende da cadeira de roda, ou seja, em locomoção, higiene e alimentação (paralisia cerebral do tipo tetraparesia espástica, sem deficiência mental, por exemplo). Esta criança encontra barreira no aspecto arquitetônico da escola regular, onde algumas escolas se negam em aceitar estas crianças, demonstrando falta de preparo. No segundo grupo a integração torna-se mais difícil, pois a criança necessita de cuidados que escola não esta capacitadas a oferecer, métodos alternativos de escrita, adaptações do espaço físico, profissionais capacitados para atender à estas crianças.
- Escolas para Deficientes Múltiplos: esta escola trabalha com crianças que apresentam mais de uma deficiência, exemplo: deficiência física e mental, ou deficiência física e auditiva ou visual, ou ainda deficiência mental e auditiva e etc. Percebe-se uma grande dificuldade por parte de pais em conseguir encontrar escolas adequadas que ofereçam um trabalho de boa qualidade aos portadores de deficiências múltiplas.
- Escola Especial: o trabalho é totalmente voltado para as crianças especiais.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Estimulação Precoce em Deficientes Mentais

Todo ser humano precisa sentir experiências, interagindo com o seu meio através de sentidos, sons, cheiros, toques entre outros estímulos necessários para desenvolver-se. A estimulação é o conjunto destes estímulos que excita, incita e instiga o indivíduo a desenvolver-se fisicamente, intelectualmente, socialmente e emocionalmente.

A estimulação precoce é a base fundamental para o desenvolvimento da criança, principalmente para crianças portadoras de necessidades educativas especiais, pois a estimulação precoce é o conjunto de processos preventivos e/ou terapêuticos que auxiliam o desenvolvimento das capacidades, visando a alteração do desenvolvimento nos primeiros anos de vida. Ela é uma condição imprescindível, não porque evita problemas futuros, mas tende a eliminar condições que agravam o desenvolvimento. A estimulação precoce está correlacionada a uma série de exercícios destinados a estimular a capacidade do bebê conforme o quadro que se apresente. Poderá evitar problemas futuros, que costumam ser tardiamente detectados.

Se a criança não recebe estes estímulos nos seus primeiros meses de vida, pode haver atrasos na fala, locomoção e na capacidade cognitiva, diminuindo o ritmo natural do processo evolutivo infantil, aumentando também o distanciamento dos padrões do desenvolvimento psicomotor, socioafetivo, cognitiva e da linguagem. Por este motivo a estimulação precoce é também utilizada como uma forma preventiva que pode evitar déficits nestas áreas.

Os programas de estimulação precoce podem prevenir ou atenuar os possíveis atrasos ou defasagens no processo evolutivo da criança. Mais de 50% de crianças portadoras de necessidades especiais poderiam atingir o desenvolvimento normal, desde que se adotassem, efetivamente, medidas de prevenção. Entre as medidas que se destacam, estão aquelas referentes à estimulação precoce. Quanto maior o tempo sem a devida estimulação a que uma criança estiver sujeita, tanto maior é a tendência a desenvolver deficiências e a probabilidade de intensificá-las, dando origem a danos duradouros no processo evolutivo (decorrentes de fatores orgânicos ou ambientais) tanto de ordem física como psicológica.

Os benefícios previstos com o desenvolvimento de programas de estimulação precoce abrangem, não somente a população de crianças com necessidades especiais, para as quais sua aplicação é imprescindível, mas também a todo contingente demográfico infantil considerado vulnerável à aquisição de deficiências, embora tudo indique que a abrangência dessas ações possa favorecer também a toda a população infantil.

Quanto mais cedo a criança portadora de necessidades educativas especiais for estimulada, menos riscos de atraso terá nas etapas de seu desenvolvimento, pois a ausência de estímulos ambientais, e a falta da estimulação dos sentidos remanescentes, privará esta criança de seu desenvolvimento intelectual, físico e emocional.

Stedman, concluiu em suas pesquisas sobre programas de intervenção para crianças com problemas de desenvolvimento, que:

A maneira pela qual uma criança é criada e o ambiente em que nasce tem uma influencia importante sobre o que ela se tornará. O método da família no estabelecimento de papéis sociais deixa poucas dúvidas quanto ao impacto significativo que o ambiente familiar exercer sobre o desenvolvimento da criança antes dos dois anos. Quando se tem acesso à criança nos primeiros anos, principalmente durante o período em que começa a falar (um ou dois anos de idade), os programas de intervenção são mais eficazes do que os iniciados quando a criança é mais velha. Há dados que mostram que os efeitos dos programas de intervenção precoce para as crianças são reforçados pelo envolvimento dos pais. (STEDMAN apud KIRK e GALLAGHER, 2001, p. 25)

A família deve ser criteriosamente orientada nos programas, com a finalidade de compreender as dificuldades, as limitações, as diferenças pessoais de ritmo e de potencial da criança a ser estimulada/intervenção precoce. Quando a estimulação precoce for realizada no ambiente familiar, as condições devem ser analisadas para a aplicação de um programa adequado à necessidade da deficiência da criança.


Ambiente Familiar

Segundo Ayala Monolson, existem basicamente seis “tipos” de pais: os superprotetores, os sobrecarregados, os cansados, os liberais, os professores e os ideais. (MONOLSON apud RODRIGUES e MIRANDA, 2001, p. 11)
Pais superprotetores: normalmente são pais que habitualmente começam agir sobre a comunicação da criança, onde não se percebe que, se ao fazer os questionamentos automaticamente lhes fornece as respostas, faz com que a criança perca a mínima iniciativa que poderia ter para agir e se comunicar.
Pais sobrecarregados: não tem tempo para os filhos, transferindo a função de educá-lo para outros, normalmente os avós ou uma babá, esquecendo de cumprir seus compromissos, os quais deixam de lado a prioridade maior que é seu filho. Não avaliando os cuidados oferecidos ao seu filho na sua ausência, onde só percebe se a criança esta alimentada, trocada ou de banho tomado, não garantindo uma estimulação adequada à seus aspectos cognitivos, motores e interacionais. Não importa o tempo que as crianças passam com os pais, desde que vividos intensamente, pois qualidade é muito mais importante do que a quantidade.
Pais cansados: este pai possui as mesmas características do pai sobrecarregado, mas se difere no tempo, no qual a disposição não é adequada às necessidades e responsabilidades da educação de um filho especial. Deixa de lado o filho para obter um conforto pessoal, com isso a criança é privada de vivenciar momentos e situações para favorecer o seu desenvolvimento.
Pais liberais: não são capazes de impor limites a seus filhos. Para eles seus filhos já têm inúmeras privações por serem deficientes, e não serão eles que irão proporcionar mais uma privação.
Pais professores: lembra-se o tempo todo em dar limites, impõe que durante uma brincadeira a criança siga todas as regras obedecendo de maneira correta, a ele não importa se a criança está interessada em realizar as atividades por ele estabelecidas, lhe transmitindo muitas informações durante a atividade, mais do que a criança é capaz de assimilar.
Pais ideais: aquele que está presente interagindo, participando, dando importância ao tempo que está com seu filho, respeita as manifestações na qual a criança manifesta interesse, pelas brincadeiras e/ou atividades propostas. Assim, este tipo de pai com certeza perceberá cada evolução de seu filho no desenvolvimento de suas capacidades e habilidades.
O importante em qualquer caso é a disposição dos pais em manifestar interesse em aprender prevenir as deficiências, pois somente com a prevenção e a conscientização que o número de casos de deficiências, poderá ser reduzido. O trabalho do médico é o da prevenção e o acompanhamento vai até o momento que começa o trabalho dos centros de educação especial.